24 novembro 2010

Reforma do Código Florestal pode comprometer a absorção do gás carbônico.

"Se implementadas, as alterações no CFB (Código Florestal Brasileiro), aprovadas em julho por comissão especial da Câmara dos Deputados, poderão levar, no longo prazo, a emissões de CO2 equivalentes a três vezes a produção anual desse gás-estufa no Brasil.

Isso num cenário otimista. Numa análise mais pessimista, em que os proprietários de terra suprimam totalmente a vegetação na áreas isentadas pelo novo CFB, as emissões poderiam ser 12 vezes o total anual brasileiro. Os números são de um relatório técnico preliminar divulgado pelo Observatório do Clima, que calculou os impactos do novo CFB sobre as metas climáticas do país.
É contraditório que um país com metas de redução de emissões aprove um Código Florestal que reduza a capacidade de armazenamento de CO2, diz André Ferretti, coordenador do Observatório do Clima. O Brasil emite cerca de 2 bilhões de toneladas de CO2 por ano. Na agropecuária, que contribui com cerca de 20% do total, o compromisso assumido pelo país no Acordo de Copenhague é de reduzir as emissões em 160 milhões de toneladas até 2020.
Com menos florestas, a possibilidade de diminuir o carbono na atmosfera ficaria entre seis e 24 vezes menor que o combinado. Alterações Dentre as principais mudanças propostas pelo novo CFB estão a dispensa de reserva florestal legal para pequenas propriedades (até quatro módulos fiscais) e a redução de 30 m para 15 m da área de preservação nas margens dos córregos (rios com até 5 metros de largura).
De acordo com Ferretti, a ideia foi lançar o documento agora para chamar a atenção para o assunto antes da COP-16- a Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que começa na semana que vem."

 Por Sabine Righetti (Folhapress)

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