03 março 2012

São Paulo perdeu mais uma ciclista.

Texto de Cássia Moraes, publicado na Folha Online.

Ontem, por volta das 10h da manhã, a cidade de São Paulo perdeu mais uma ciclista. As pessoas que passavam pela avenida Paulista no horário presenciaram um triste exemplo da brutalidade que vigora no trânsito paulistano.
A jovem de 33 anos desequilibrou-se durante uma discussão com um motorista de ônibus, na qual ela defendia seu direito de fazer parte do trânsito da cidade. Esse direito, porém, lhe foi brutalmente tirando no momento em que ela caiu e foi atropelada pelo ônibus que vinha em seguida.
Juliana Dias não era marinheira, ou melhor, ciclista de primeira viagem. Experiente, ela já estava acostumada a enfrentar o trânsito caótico da metrópole paulista, opção esta que resulta em uma luta diária pela afirmação do simples direito de ir e vir. Mas e eu, que não sou ciclista, o que eu tenho a ver com isso?
A luta pelos direitos humanos consiste na defesa dos direitos que resultam da dignidade intrínseca que todos nós compartilhamos, independentemente da cor da pele, sexo, religião ou opiniões políticas. Eu não preciso ser mulher para defender que as mulheres devem ser tratadas com respeito.
Eu não preciso ser mulçumana para defender a liberdade de pensamento, consciência e religião. Eu também não preciso ser ciclista para defender que a mobilidade urbana é um dos grandes desafios socioambientais das cidades brasileiras, nem para me indignar com os riscos que essas pessoas correm devido à falta de segurança no trânsito.
Quando a dignidade de uma pessoa é violada, a dignidade de todos nós enquanto humanidade também o é.

2 comentários:

Lili disse...

Quantos mais vão precisar passar por isso até que haja o mínimo de respeito entre as pessoas? Tristeza, revolta, indignação... Tudo é pouco para descrever o sentimento de perder mais uma ciclista nessas circunstâncias.

Anônimo disse...

Essa morte da ciclista e de tantos outroas ciclistas, denota uma falta de respeito, de convivência, de abuso de poder.
Lamentável. Torço para que os ciclistas sejam respeitados e tenham o seu espaço em todas as cidades.