14 agosto 2010

Sexta-feira, 13.

Não sou supersticiosa, pelo menos não como o Roberto Carlos, famoso por suas manias. Lógico que o bom senso me impede de passar por baixo de escadas, mas não tenho nada contra gatos pretos cruzando a estrada ou botar a bolsa no chão. Também não acreditava que sexta-feira 13 fosse um dia "zicado", mas acabei tendo a prova cabal de que isso pode ser verdade para algumas pessoas menos afortunadas, como eu, por exemplo.
O dia de ontem já começou mal. Sabe quando você levanta da cama e sente que o corpo não está colaborando? Meu começo de dia foi assim, bem arrastado. Para combater a preguiça e o mal-estar, fui à aula de natação, mas tive que me esforçar muito para nadar míseros 1500m. Definitivamente não estava inspirada. Os sinais estavam claros, mas eu me negava a enxergá-los.
Depois do almoço que deveria entregar uma nota fiscal num cliente aqui perto de casa e depois levar a LadyBike na Freecycle para dar um ajuste no guidão que ficou meio bambo de tanto passar em buracos no passeio pelo centro da cidade que fiz na quarta-feira passada.
Para combater a sensação de "zica", coloquei uma camiseta amarela e um casaco branco, cores que normalmente não uso, por serem muito alegres. Mas eu queria dar um "up" não só no visual, mas também na sensação de dia esquisito que já se instalara.
Eu sabia que, uma vez que começasse a pedalar, tudo ia ficar melhor, meu sorriso ia voltar ao rosto e a tarde passaria alegremente.
Peguei a avenida Sumaré e pedalei cerca de 1 km até encontrar o trânsito todo parado. Tudo bem, não estava com pressa e não ia me estressar por isso. No carro ao lado, um rapaz simpático abre a janela, para me dar os parabéns por estar de bicicleta e para me garantir que eu não estava sozinha. Que gentileza! Como eu poderia acreditar no azar depois de uma dessas? O trânsito andou e pedalei mais alguns metros até notar que meu pneu da frente estava vazio - de novo!
Não vou repetir aqui o palavrão que me veio à mente naquela hora, pois sou uma Lady, mas vocês podem fazer uma ideia...
Parei em frente a uma concessionária da Peugeot, na altura do 1500 da Sumaré. O que fazer? Eu tinha uma câmara extra, mas começava a duvidar que o problema de tantos pneus furados em tão pouco tempo não podia ser coincidência. Havia algum problema na roda.
Foi então que me lembrei que a Porto Seguro tem um serviço de resgate e conserto de bicicletas assegurado àqueles que possuem apólice para seus veículos. Na mesma hora liguei 333PORTO. A moça que me atendeu disse que em 30 a 40 minutos chegaria o socorro. Os funcionários da concessionária, muito simpáticos, me ofereceram café, água e ficamos batendo papo enquanto o resgate não chegava. Nesse meio tempo, o mecânico da loja chegou e se ofereceu para remendar a minha câmara. Como eu já tinha chamado o resgate e já tinham se passado uns 40 minutos, agradeci a oferta, mas recusei. Afinal, eu nunca uso os serviços do seguro, estava mesmo na hora de fazer valer o dinheiro que eu pago, certo? Errado. Uma hora se passou e nada de carro de resgate. Liguei de novo para a Porto Seguro e, mais uma vez, a mocinha me deu um prazo de 30 a 40 minutos, que somados à uma hora que eu já havia esperado, totalizariam quase duas horas perdidas.
Sabe quando você fica naquela situação de limbo? Você está aguardando alguém, acha que essa pessoa vai chegar logo, então descarta uma segunda opção, que seria trocar o pneu e seguir em frente. A impressão que eu tinha era que, por se tratar de resgate de bicicleta, eu estava em último lugar na fila de prioridades da Porto Seguro. As horas se passavam, o dia estava acabando e eu parada na Sumaré.
E parecia que as chateações estavam se acumulando, pois para piorar a situação, eu estava faminta e olhava para a padaria do outro lado da rua como um cachorro olha para o frango rodando no espeto, mas não podia sair dali para fazer um lanche. E se o carro chegasse justamente quando eu estava fora? Que situação...
Fiquei nessa por mais 40 minutos até que minha paciência se esgotou. Chamei o tal mecânico e pedi que me ajudasse a remendar a câmara, já que descobri que a sobressalente que eu tinha não era própria para o meu pneu. Assim que a bicicleta ficou pronta, o carro da Porto Seguro chegou... só que do outro lado da rua! A essa altura, meu humor já estava na reserva, com uma perigosa luzinha vermelha sinalizando. Falei com o funcionário da Porto Seguro que não precisava mais dele, muitíssimo obrigada por nada! Aí o cara me explica que estava em São Caetano quando o acionaram para vir me resgatar. "Não tinha outro carro mais próximo?" perguntei. "Eles disseram que não" o cara me respondeu. A sensação de ser a última da fila se confirmou naquela hora. Eu podia sentir o fogo saindo pelas minhas narinas como um dragão chinês enfurecido.
Dei uma caixinha para garantir a happy hour do mecânico da Peugeot, montei na bike e disparei em direção à Freecycle. Já eram quase 18h e agora meu receio era chegar lá e encontrar a loja fechada. Mas não, eles estavam abertos. O Tom e o Rodrigo se espantaram com a minha cara feia quando cheguei lá, Fui logo avisando que estava de mau humor e que não ia querer papo, ia ficar bicuda, sentada na bola que eles tem lá, só esperando o conserto. Eles não me levaram muito a sério, foram super queridos e em pouco tempo eu já não estava mais tão furiosa, nem bicuda.
LadyBike lá durante o final de semana para que o Tom pudesse investigar melhor a razão do pneu furar com tanta frequência. Disse um "tchau" para minha amiguinha e para meus amiguinhos, entrei num ônibus e voltei para casa. Pensei: uma boa taça de vinho tinto acaba com essa zica na hora.
Só não contava com mais uma do destino cruel: meu filho chegou da escola enfurecido, chorando e, pelo que o perueiro disse, havia xingado meio mundo na volta da escola.
Nessas horas você pensa: o que eu fiz para merecer um dia assim, já que a semana estava tão boa, eu estava tão feliz, as coisas estavam tão legais e promissoras? Certo? Errado. Não se pode pensar assim. Estou trabalhando para tirar esse conceito de merecimento de dentro de mim. "Shit happens" e ponto final.
Meu filho chorou, gritou e, acredito, pôs para fora toda a sua frustração, apesar de não saber qual o motivo. Sou só eu que vejo isso ou a adolescência está mesmo chegando mais cedo para as crianças?
Enfim, depois que se acalmou, tomou um banho quentinho, jantou e, por fim, quis dormir comigo na cama. "Vamos encerrar esta sexta-feira 13 antes da hora?" eu sugeri. E lá fomos os dois para a cama às 20h30, junto com as galinhas e mandando os gatos pretos para aquele lugar! O dia acabava bem, afinal.
Beijokas da Fernanda.
Preparada pedalar e de capacete novo, da Kraft, para hipismo.
Pneu furado - de novo?!
LadyBike em frente à concessionária, aguarda o resgate que não chega nunca!
Haja paciência...
Cansada de esperar, apelo para o mecânico.
O Tom me garantiu que vai cuidar da LadyBike com muito amor. :)
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5 comentários:

Anônimo disse...

Olá Fernanda Guedes,

Ontem conheci seu blog e achei bem legal e muito chic.

Para nós que andamos de bike é muito chato quando um pneu fura.

Existe uma fita que é colocado entre a câmara de ar e o pneu que ajuda a minimizar e segundos as propagandas protegem até de prego.

Há várias marcas: Mister Tuff, Sttone´s(nacional), GTK e a Tec-tire. Os preços variam de R$18,00 a R$60,00 a unidade.

Essas fitas pesam em torno de 65 gr/cada.

Fica a sugestão e boas pedaladas!

Fernanda Guedes disse...

Oi, Anônimo :-)
Cê acredita que o pneu estava com essa fita? Pois é verdade, daí a história da sexta-feira, 13...
Mas obrigada pelo comentário.
:-)
Fernanda

Sandra disse...

Olá Fernanda,
este lance do seguro é realmente um horror, um pesadelo. Neste caso, garanto que a culpa não é da sexta-feira 13 e, sim, do descaso das seguradoras com os seus clientes.

Aproveito a sua audiência para também reclamar de como os seguros agiram (e continuam agindo) de forma desrespeitosa comigo.
Eu pago Bradesco Seguros para a minha mãe desde 2004. Há 5 meses espero o cash hospitalar referente a internação dela: o primeiro cash hospitalar demorarou quase um ano para ser pago. Pasme!
Para receber o sinistro (ela faleceu em abril) demorou cerca de 3 meses -- apenas porque eu não tinha conta de consumo no meu nome, acredita? Isso porque sou correntista do Banco desde os anos 90 e o endereço está lá, certinho. Só consegui porque minha irmã (que também é beneficiária) ligou para a Ouvidoria. No entanto, ela ainda não recebeu a parte dela. Eles (da corretora) insistiram para que ela abrisse conta no Bradesco, mas ela disse "não, obrigada. Prefiro um doc na minha conta ou um cheque administrativo". Agora ela acredita que está sendo "punida" e, por isso, ainda não recebeu.
Enfim, ainda falta o seguro me restituir o tal cash hospitalar. É mole?
Sugiro que a gente se una para relatar os casos porque penso que não somos as únicas. Vamos entrar com ação de danos morais ou o quê? Se souber de algum especialista nesta área, por favor, indique. Beijos.
Sandra Vasconcelos

PS: Parabéns! Mesmo mal humorada vc se manteve linda e chic.

Fernanda Guedes disse...

Que história terrível, Sandra! Espero que tudo se resolva rapidamente.
Quanto à minha situação (que nem se compara à sua) o que eu mais pensava naquelas horas parada lá na Sumaré era na campanha que a PORTO SEGURO lançou, e com muito sucesso, da "Gentileza no Trânsito", que apóio inclusive com um banner gratuito aqui no blog. Ficava pensando que faltou muita gentileza na hora de cuidar desta humilde segurada... E olha que eu tenho seguro do veículo e também o residencial! Só não segurei a bicicleta porque eles não têm opção para isso.
Mas fica a dica: se precisar do socorro da PORTO SEGURO, é bom ter-se, além da gentileza, muita paciência e tempo para perder.
Bjks
Fernanda

Anônimo disse...

Boa tarde Fernanda,

Quero muito comecar a andar de bicicleta e o que eu mais queria mesmo era mais facilidade no acesso nas ruas proxima a minha residencia (tenho a ELiseu de Almeida e Francisco Morato) praticamente impossivel dividir espaco com os carros e a ciclovia de 15km que prometeram esta parada... mas vendo sua reportagem nos anima a nao desistir.
Muitas coisas precisam ser melhoradas e pessoas como voce ajuda a nao desistirmos e a acreditar que as coisas irao mudar...

Outra coisa que imagino eh como voce consegue driblar as pessoas mexerem na rua .. porque tem pessoas (homens) que nao pode ver uma mulher que ficam mexendo ate voce se irritar e mudar o percurso ou fazer uma parada obrigatoria rs.

Outra coisa que poderiam fazer era seguro de bicileta.. seria interessante e atraves do seu blog fiquei sabendo que a Porto Seguro tem socorro bicicleta..

Eh isso.